

À descoberta das Hortas ... no Bairro Padre Cruz
FASE 2: 1974-1990 – O ALVORECER DO NOVO BAIRRO E O ANOITECER DO BAIRRO ANTIGO
Ocorrem os terceiros realojamentos na coroa norte e periférica da “ilha de alvenaria”, numa modalidade muito diferente. São construídos quatro blocos de “alvenaria alta” com cinco pisos, num total de 280 fogos.
Rua Rio Guadiana
Fotos de Maria Manuel Passas
Estes novos prédios destinam-se, prioritariamente, ao realojamento dos moradores do velho e “provisório” bairro de lusalite (175 famílias), cuja degradação obriga a urgentes medidas camarárias.
Outras famílias, provenientes de núcleos de barracas, objecto das novas intervenções urbanísticas na cidade, foram também realojadas nesses edifícios.
Início da demolição do pioneiro “bairro de lusalite” que, entretanto, servira de base para outros realojamentos.
Em 1987, sob a presidência de João Soares e vereação da Habitação sob responsabilidade de Vasco Franco, inicia-se novo plano de realojamentos urbanos onde se inscreve o Programa de Intervenção a Médio Prazo (PIMP).
É durante este período que o Bairro inicia visíveis processos de transformação – seja ao nível da paisagem exterior como das “paisagens interiores”.
A CMLx intervém com um novo programa na construção de habitação com “fins sociais”. Tais medidas manifestam a prioridade camarária com as condições habitacionais (Decreto-Lei nº 226/87, de 6 de Junho) e incluem-se no Plano de Intervenção a Médio Prazo (PIMP). Através desse diploma são acordadas parecerias entre a CML e outros dois organismos públicos: o Instituto Nacional de Habitação e o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado.
Este compromisso institucional define um sistema especial de financiamento para construção de habitação municipal e confere o enquadramento legal para a construção de fogos municipais destinados ao realojamento de famílias em alojamentos degradados, bairros camarários de construção provisória (como se verificou ser o primitivo bairro de lusalite) ou intervenção em áreas urbanas que era necessário desocupar para construir novas infra-estruturas viárias da cidade.
É então projectada a construção faseada de um bairro novo de realojamento (previsto total de 1290 fogos, a construir em 2 fases), na parcela adjacente ao bairro antigo de alvenaria e, em 1988, são iniciadas as obras de construção das infra-estruturas viárias e do primeiro conjunto de edifícios de habitação.
Por sua vez, a zona de alvenaria acentua a degradação, consequente do avanço do tempo, desacompanhamento por parte da Câmara e a utilização indevida dos logradouros e quintais por parte dos moradores.
Casas devolutas e degradadas
Fotos de Maria Manuel Passas
As casas não se adequam às necessidades das famílias que aumentam, tornam-se perigosas para os mais idosos e fazem-se constantes alterações ao inicial projecto urbano com a anexação dos logradouros…
Porém, a par destas circunstâncias de deterioração e abandono evidentes, registam-se exemplos de conservação e formas originais de beneficiação dos fogos por parte dos moradores. Daí resultarão grandes contrastes mesmo no interior do “bairro antigo” que o passo do tempo mais evidenciará.
Contrastes
Fotos de Maria Manuel Passas
Não obstante, o “bairro antigo” mantém a sua vitalidade e unidade patente no dinamismo das colectividades existentes bem como no surgir de outras, como é o caso de “Os Escorpiões”…As celebrações festivas adequadas ao ciclo do ano – bailes de máscaras, marchas pelos santos populares,.... também são disso testemunho, entre outros mais, bem presentes na memória dos moradores.
excertos, com adaptações, incluídos no Projecto Comunitário de Investigação e Divulgação "Construir Cidade à escala humana - história e memórias do Bairro Padre Cruz, em Carnide", de Fátima Freitas,com o apoio da Junta de Freguesia de Carnide, Câmara Municipal de Lisboa e Associação de Moradores do Bairro Padre Cruz.






